sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sobre o Autor - About the Author

Evandro Afonso do Nascimento nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, em 1948. Ingressou no curso de Engenharia Química da UFMG em 1968 e logo se envolveu com o movimento estudantil (foi presidente do Diretório Central dos Estudantes) e com organizações de luta armada. Perseguido pelos militares, teve que sair do país. Refugiou-se no Chile em julho de 1970. Terminou os estudos de Engenharia Química em 1972, mesmo ano em que se casou com Nízia Maria Alvarenga, de Perdões, MG. Depois de formado, foi contratado pela antiga Universidad Técnica del Estado (atual Universidad de Santiago). Teve oportunidade de acompanhar de perto todo o governo da Unidad Popular até o golpe do general Pinochet (4/11/1970 a 11/9/1973). Depois do golpe, ficou duas semanas à disposição da resistência chilena até se refugiar na embaixada do Panamá. Devido ao stress do golpe de estado, Nízia, grávida, perdeu o primeiro filho. Depois de cinco meses de exílio no Panamá, Evandro dirigiu-se à República Democrática Alemã (RDA). Na RDA conheceu as bondades e maldades do socialismo real. Trabalhou na produção, começou o doutorado e, principalmente, viveu o dia a dia do povo alemão oriental. Teve que interromper o doutorado e foi para Portugal em agosto de 1976. Um mês depois seguiu para a Costa Rica. Nesse país trabalhou um ano e meio em uma indústria americana do setor de alimentos (Baltimore Spice Company de Centro-América Ltda.), e, depois, na Universidad Autónoma de Heredia, como professor visitante. Voltou ao Brasil em abril de 1979, ano da anistia política. Foi contratado em agosto pela Universidade Federal de Uberlândia, onde trabalha desde então. Em 1984 reiniciou o doutorado no Departamento de Química da UFMG e voltou várias vezes à RDA. Foi pesquisador do CNPq e consultor da FAPESP, FAPEMIG e de várias revistas científicas do país. Tem dezenas de artigos científicos publicados em revistas científicas do Brasil e exterior. No ano de 2000 ganhou o prêmio de Honra ao Mérito Científico do Conselho Regional de Química – 2a Região e de Sociedades de Química de Minas Gerais. Foi membro da Câmara de Ciência e Tecnologia do Estado de Minas Gerais em 2001-2002. Aposentou-se como professor titular e segue trabalhando no Instituto de Química da UFU, como professor voluntário.

Evandro Afonso do Nascimento was born in Divinópolis, Minas Gerais, in 1948. He entered the Chemical Engineering course of UFMG (State University of Minas Gerais) in 1968 and soon became involved with the student movement (he was chairman of the DCE – Central Directory of Students) and with organizations of armed struggle. Wanted by the repressive forces, he had to leave Brazil. He went to Chile as a refugee in July 1970. He finished his graduation in Chemical Engineering in 1972, the same year he married Nízia Maria Alvarenga from Perdões, MG. After graduating, he was hired by the former Universidad Técnica del Estado as a research assistant of Professor Siegfried Bleisch, under the agreement of technical cooperation between that University and Technical University of Dresden, German Democratic Republic (GDR). In Chile he observed closely all the period of government of Unidad Popular (4/11/1970 to 11/9/1973), until General Pinochet’s coup d’état. After the coup, he joined the Chilean resistance for two weeks, before seeking for shelter in the embassy of Panama. The coup took his first son, for Nízia was pregnant and due to the extreme stress had a miscarriage. After five months of exile in Panama, they went to East Germany, to attend a doctoral program at the Technische Universität Dresden under guidance of Professor Bleisch. In East Germany he learned about the virtues and evils of socialism. There he worked in a factory floor; then he began a doctorate at the Technische Universität Merseburg and lived the daily routine of the East German people for almost three years. He went to Portugal in August 1976 and, one month later, went to Costa Rica, where he worked for one and half year as head of production of a food American industry (Baltimore Spice Company of Centro America). After this, he was hired as a visiting professor at the Universidad Autónoma de Heredia. He returned to Brazil in April 1979, year of the political amnesty. In August 1979 he was hired by Federal University of Uberlândia - UFU, where he has been working since then. In 1984 he began another doctoral qualification in the Department of Chemistry of Federal University of Minas Gerais and returned several times to the GDR. He is a former researcher and consultant of CNPq FAPESP, FAPEMIG and several scientific journals in the country. He also has dozens of scientific papers published in scientific journals both in Brazil and abroad. In 2000 he won the Scientific Merit Award from the Regional Council of Chemistry of Minas Gerais - 2nd Region, and also from Chemical Societies of Minas Gerais. He was a member of the Board of Science and Technology of the State of Minas Gerais from 2001 to 2002. He retired as professor but continues working at the Institute of Chemistry of UFU, as voluntary professor.

Recollections of Freedom Fight and Exile - Chile, Panama, The German Democratic Republic and Costa Rica



Finalmente saiu a publicação na forma eletrônica pela Amazon Kindle da nova versão de meu livro "Recollections of Freedom Fight and Exile" que em português se chama "Lembranças da Luta Armada e do Exílio", lançada pela Editora Gato Sabido meses atrás. A avalição do consultor da Amazon foi cinco estrelas e diz o seguinte:

Recollections of Freedom Fight and Exile, July 3, 2010
By
A. C. Pereira (Logan, Utah, USA) - See all my reviews
This review is from: Recollections of Freedom Fight and Exile (Kindle Edition). This is one of the best books about an important period of History. During the Cold War, most countries of South America sided with the United States and became military dictatorships in order to prevent an unlikely communist revolution. These dictatorships oppressed the people, deprived many citizens of their liberty unlawfully or arbitrarily, tortured prisoners in order to obtain information, and committed crimes against Humanity. Evandro Afonso do Nascimento was one of the popular heroes who tried to overthrow the Brazilian and Chilean dictatorships. The book has many anecdotes and interresting stories; one of my favorite explains how the author has escaped detection by various cunning artifices. Besides a lively account of the guerrilla war against the Brazilian Army and its supporters, the reader will find a very interresting description of life in The German Democratic Republic (Communist Germany). Most analysis of life in The German Democratic Republic comes from people who are against its communist government. Evandro was neither supportive to communism nor irrationally angry at the idea of socialism. Therefore, his experience is worth reading to scholars and laymen alike. Evandro Afonso do Nascimento is an accomplished scientist who discovered many active components of drugs obtained from plants and insects. Among his discoveries, there is an herbicide that a Brazilian weed produces to prevent competion, and an antibiotic and antifungal drug from propolis.

Maiores detalhes podem ser vistos diretamente na página da Amazon:
http://www.amazon.com/Recollections-Freedom-Fight-Exile-ebook/product-re%20views/B003UHW0GM/ref=sr_1_1_cm_cr_acr_txt?ie=UTF8&showViewpoints=1&qid=1

A capa do livro foi feita pela artista Priscila Pereira de Mello e remonta às passeatas estudantis dos fins do anos 60, até as famigeradas bombas de gás lacrimogênio aparecem. A versão para o inglês coube à Juliana Amaral Alves, Genevieve H. Hutchings e Roger Hutchings. Um agradecimento especial é feito ao amigo e colega da Computação da Universidade Federal de Uberlândia, Prof. Antônio Eduardo da Costa Machado, e a seu orientado Mauro Jacob Honorato pelo excelente trabalho de formatação do livro nos moldes da Amazon Kindle.
Palavras chave: ditadura, luta armada, movimento estudantil, guerrilha, exílio, socialismo, comunismo, Alemanha Comunista, Alemanha Oriental, democracia
Key words: dictatorship, armed strugle, armed fight, students movement, guerrilla, exile, socialism, communism, The German Democratic Republic, Communistic German, Socialistic German, East German, democracy

sábado, 10 de abril de 2010

Lembranças da Luta Armada e do Exílio




Caros Leitores,
Finalmente saiu a nova versão de minhas lembranças da luta contra a ditadura. Nela é feita uma revisão e atualização do primeiro livro (Lembranças do Exílio) e são relatadas com mais detalhes minhas atividades políticas até a saída para o exílio. Vários leitores do primeiro livro disseram-me que fazia falta este relato. Em realidade, inicialmente havia planejado só falar do exílio, da forma em que falei, ou seja, considerar o exílio como a continuidade da vida de um militante político, passível de acontecer quando livremente se opta para lutar contra uma ditadura. Por isso o livro não é de lamentos, a vida tinha que continuar no exterior e ela devia ser vivida com alegria e disposição. Depressão, tristeza e amargura só dariam mais satisfação aos militares golpistas. Não queria dar esse prazer a eles.
Embora minha participação nas organizações politico-militares se desse fundamentalmente no plano da agitação estudantil, não podia deixar de relatar neste segundo livro as quedas das duas organizações com que estive envolvido, o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária (VAR) - Palmares, ambas em Belo Horizonte. Sempre tive muitos amigos, converso com todo mundo, estou sempre bem informado. É mais uma contribuição para o registro histórico daquela época. Segundo o grego Heródoto, qualquer relato é importante para a história.
Mantive a mesma linguagem anterior, leve e acessível a todos, o livro não é destinado à academia. Na narrativa entremesclei política, filosofia, vida pessoal, personagens interessantes, "causos", tudo que pudesse tornar a leitura agradável.
Partidário de um planeta mais limpo e saudável, decidi publicar "Lembranças da Luta Armada e do Exílio - Chile, Panamá, República Democrática Alemã e Costa Rica'" na forma eletrônica, mesmo tendo conseguido patrocínio para sua impressão. Livro impresso significa árvore derrubada e poluição ambiental com os efluentes usados no branqueamento da polpa de celulose.
A Editora Gato Sabido já o colocou no seu acervo. Está disponível para quem possuir leitor eletrônico ou esteja disposto a ler no computador. O preço é baixo, cinco reais, o objetivo não é o lucro, mas a divulgação das ideias de um socialista independente a respeito da luta contra a ditadura brasileira e do exílio.
Muitos acham que o socialismo fracassou, mas, como questionou o amigo Helvécio Ratton no prefácio, qual socialismo não deu certo? A potência econômica mais pujante no momento é socialista (a China), embora a imprensa ocidental faça questão de ocultar seu enorme progresso e o alto padrão de vida existente nas províncias socialistas desse país. Até quando a mentira vai perdurar?
Breve voltarei com as primeiras impressões deste livro.
Atenciosamente,
Evandro.




quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Balanço geral da primeira edição do livro

A primeira edição de 1.000 exemplares do livro esgotou-se. Não foi possível fazer lançamentos em Divinópolis e Belo Horizonte como previsto inicialmente porque foram vendidos mais livros que o esperado em Uberlândia, Perdões e Carmo da Mata, cidades onde me comprometi desde o ano passado a realizar o evento. Além disso, meu projeto incluía a doação para bibliotecas de universidades e de algumas cidades do centro-oeste de Minas para atingir um público maior. O livro não visa lucro, mas levar uma visão diferente da luta armada contra a ditadura e da vida no exílio, dando novos subsídios para a interpretação desse período de nossa história recente. Ele já consta do acervo de quase todas as bibliotecas das universidades federais, da USP, Unicamp, Instituto de Estudos Brasileiros da USP, Sistema PUC Minas, PUC Rio, Bibliotecas Nacionais do Rio de Janeiro e Brasília, Assembleia Legislativa de MG e bibliotecas municipais de várias cidades de MG. A segunda edição está a caminho. Muitas novidades vão enriquecer esta nova versão, com destaque para a queda do Colina e da VAR-Palmares em Belo Horizonte e minha prisão pelo DOPS em 1969.

Depoimento de um jovem carmense

Goiânia (GO), 16 de novembro de 2.009.

Olá Evandro,

Meu nome é Bruno, sou natural de Carmo da Mata e recentemente adquiri seu livro “Lembranças do Exílio - Chile, Panamá, República Democrática Alemã”, tendo terminado de lê-lo no último domingo.
Digo-lhe que foi, realmente, uma leitura muito agradável. Além da biografia desmaquiada de um verdadeiro e autêntico exilado político, o seu livro apresenta-se também como uma fonte de fatos históricos vistos e vividos de perto por quem se dispôs a relatá-los. É experiência pura, sentida na própria pele, o que deixou seu livro muito mais interessante, e me levou a algumas reflexões.
Pertencemos a gerações diferentes. Tenho vinte e cinco anos e já nasci quando a abertura política e a chamada “redemocratização” do Brasil estavam para acontecer. Assim como você, acredito que o capitalismo, nos moldes em que se apresenta atualmente, já se demonstrou totalmente incapaz de atender aos anseios do bem comum e implantar a pretensa harmonia social. Um sistema político, cuja ideologia se funda na exploração econômica de uma classe social sobre a outra, e cujo fruto mais palpável é a desigualdade social, mantenedora da violência urbana, da miséria e da prostituição infantil, não pode ser outra coisa senão um sistema fracassado. Também acredito que o Socialismo é, sem sombra de dúvidas, o único caminho que levará à satisfação plena dos anseios sociais, mas para isso, deverá haver uma ruptura dos valores atualmente infiltrados em nossa sociedade, como mencionado pelo senhor no livro, com ênfase para o desenvolvimento sustentável, racional, e isto somente ocorrerá através da educação e acesso à cultura.

Durante a leitura do seu livro, fiquei pensando nas diferenças existentes entre a sua geração e a minha. Na sua época, vocês tinham um “inimigo” comum, concreto, palpável, que atendia pelo nome de “ditadura militar” (ou militares), bem como tinham também um objetivo bem traçado: restaurar a ordem democrática, a dignidade humana e os direitos individuais fundamentais, através de adoção de um sistema político mais justo e humanitário: o Socialismo.
Atualmente, a minha geração vive sob a égide de uma Constituição Federal que, no papel, nos garante tudo isso. Temos a chamada liberdade de imprensa, “sem censura”, que nos possibilita ouvir e comprar todo tipo de música que desejarmos, do axé ao funk. Não há policiais nos batendo só porque usamos uma camisa com o rosto do Che Guevara exibido na frente. E mais: podemos votar livremente no PT, no PSOL, PSTU, em branco ou em quem quisermos.
Parece que minha geração desfruta da tal sonhada LIBERDADE. Mas não é bem assim, Evandro. Somos todos cegos, como diz Saramago, “cegos que não vêem. Cegos que, vendo, não vêem.”
O grande problema é que o nosso “inimigo”, se assim o podemos chamar (eu acho que podemos) já não é mais tão palpável e concreto. Encontra-se diluído não só na esfera pública, mas também na sociedade privada, naquela pequena parcela que detém todo o poder econômico, e que o exerce para satisfazer suas pretensões particulares. Não o enxergamos, e temos a sensação de que ele não existe. Mas não me engano, ele (ou eles) está(ão) por aí.
Toda vez que os direitos constitucionais mais básicos são desrespeitados, alguém com certeza está lucrando do outro lado. E para que serviu a Constituição Federal de 1988? Para aplacar a insatisfação popular contra um regime em decadência, sem implantar necessariamente aquilo que se encontra em seu texto. Assim é muito fácil.
O que me impressiona e me indigna é como a atual geração de jovens se sujeita tão passivamente a tamanhas injustiças.
E o que dizer das chamadas “liberdade de imprensa” e “liberdade de expressão”? A imprensa só é livre para publicar e dar conhecimento de fatos da forma que aos verdadeiros donos do poder interessa. A Verdade, hoje, não passa de uma moeda de troca que os meios de comunicação utilizam para angariar cada vez mais investimentos publicitários. A “liberdade de expressão”, por sua vez, representa a grande falácia de nosso atual modelo democrático. Como pode haver liberdade de expressão, se o que se “expressa” nos meios de comunicação são sempre as mesmas coisas? Os mesmos artistas, cantando as mesmas canções, utilizando as mesmas roupas, com os mesmos discursozinhos? Não há espaço para seguimentos culturais alternativos, artistas com propostas diferentes. Não há abertura para renovação ou contestação. É tudo um padrão só.
E é neste padrão de valores que minha geração vem sendo moldada. A banalização da injustiça, a informação e o conhecimento estabelecidos de acordo com aqueles que detêm o poder econômico, estabelecendo a formação cultural dos membros de nossa sociedade (principalmente crianças e jovens). Tudo isso fundado nos valores de uma falsa liberdade que o sistema capitalista-consumista nos impõe.
A conseqüência não podia ser outra: UMA GERAÇÃO ALIENADA, moldada pelo sistema como se fôssemos produtos de uma fábrica de tijolos. Todo mundo igualzinho, bonitinho, certinho, sem arestas, sem qualquer característica que venha a nos identificar como um ser social complexo e capaz de sustentar uma visão crítica e questionadora da realidade que nos circunda. Somos e estamos do jeito que nos querem., como tijolos, bem fácil de manipular.
Mas a esperança, como diz Platão, é que governa mais que tudo os espíritos vacilantes dos mortais. E a esperança que nos traz seu livro é justamente de que os valores possam, gradualmente, serem modificados, e a humanidade perceba, por si mesma e naturalmente, que um planeta inchado e cheio de feridas como o nosso somente nos suportará por mais algum tempo se tivermos o bom senso de implantarmos em nossa vida, em nossa sociedade, os valores do verdadeiro e puro socialismo, calcados nos desenvolvimento sustentável, na dignidade da pessoa humana e na igualdade de condições e oportunidades de vida. Esta é a utopia que espero ver minha geração tentando alcançá-la no horizonte.

Parabéns pelo livro e, principalmente, pela coragem que teve de viver a vida.

Abraços,

Bruno Ribeiro Marques.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Lançamento do livro em Carmo da Mata

Finalmente, dia 5 de setembro, o livro foi lançado em Carmo da Mata com o patrocínio da Secretaria Municipal de Educação, dirigida pela colega professora Beatriz. Como nos eventos anteriores, o lançamento foi precedido de divulgação na imprensa local (Tribuna do Carmo) e na cidade de Oliveira (Rádio Sociedade), vizinha de Carmo da Mata. Não faltou também o corpo a corpo para convidar pessoalmente amigos, parentes e formadores de opinião da cidade.
Tribuna do Carmo sob a forma de jornal e revista é um bom veículo de informação, com qualidade gráfica e redação normalmente não vistas na imprensa de cidades pequenas. O redator chefe é Márcio de Almeida, que também é responsável pelo Jornal Uai Rádio Sociedade de Oliveira. Tive oportunidade de ser entrevistado por ele na Rádio Oliveira e fiquei impressionado com sua cultura e profundidade de suas perguntas.
A ala reservada para o evento no Restaurante Joia ficou cheia e a abertura foi feita pelo Chicão do PT, esposo de Beatriz, que declamou Roda Viva de Chico Buarque de Hollanda. Em seguida, Beatriz usou da palavra para falar da importância do acontecimento que contribuía para manter viva a chama da luta contra as tiranias. Agradeceu as pessoas que lutaram contra a ditadura porque sem esta luta ainda estaríamos vivendo os horrores de um regime militar.
Depois dela, Expedito Correa leu minha biografia e me passou a palavra.
Agradeci a oportunidade de estar ali naquele momento e repeti os motivos que me levaram a escrever o livro, que mescla vida pessoal e história do período que vai do fim da década de 1960 até os dias atuais:
- prazer de ouvir e contar histórias, que faz parte da cultura de Minas Gerais;
- necessidade de mais registro da história da luta contra a ditadura militar em Minas Gerais, principalmente em Belo Horizonte, de uma forma não acadêmica, numa linguagem facilmente acessível a todos;
- vontade de falar dos diferentes sistemas políticos de uma forma empírica numa linguagem simples, com exemplos concretos, sem paixão, ressentimentos, censura, doutrinação, etc. e imparcialmente, entrelaçando “causos” vividos no exílio e especulações filosóficas, como os mineiros gostam;
- usar o livro para fomentar a discussão política onde fosse possível, chamando a atenção para o fato de que a administração do país, dos estados e municípios é feita por políticos. Se eles forem ruins, o país não será bom, como é caso do Brasil, um país riquíssimo em recursos naturais e, no entanto, relativamente mal colocado no ranking mundial de qualidade de vida (Índice de Desenvolvimento Humano = 70). Se o povo não tiver consciência política, seus políticos usarão o poder mais para fins privados que públicos, resultando na concentração de riqueza na mão de poucos. O Brasil é um dos cinco países de maior concentração de renda no mundo.
Terminada minha fala, abri a palavra ao público presente. Apresentou-se primeiramente o empresário Edson Lemos de Souza, de Divinópolis, que se deslocou até Carmo da Mata para prestigiar o evento. Sua intervenção foi emocionante. Disse que devorou o livro em duas sentadas, agradeceu-me por tê-lo escrito, ao Expedito Correa por ter-me dado abrigo porque talvez eu pudesse ter sido morto sem esta ajuda, e, surpreendentemente, falou das mazelas do capitalismo e da necessidade de lutarmos pelo socialismo, sistema superior ao capitalismo, o único capaz de vencer as dificuldades por que passamos atualmente, no Brasil e no mundo. Repetindo parágrafo do livro que se refere ao partido de poucos quadros qualificados em vez de muitos militantes sem qualificação (opção feita pelo Partido Comunista da Alemanha Oriental), Edson defendeu o mesmo para o Brasil. Envolvente, ele deixou a plateia emocionada.
Em seguida usou da palavra a Dra. Camila, que trabalhou na Secretaria Estadual da Cultura até recentemente. Igualmente muito loquaz, Camila leu o livro rapidamente, e mais ainda, em voz alta, para que seu pai, José de Carvalho, já cego, acompanhasse a narrativa. Sou muito grato a seu pai porque me deu guarida em São Paulo, onde era desembargador, durante minha fuga. O fato está narrado no livro. Camila falou dos nossos problemas culturais, da importância de se produzir cultura para todos, não para um reduzido grupo de intelectuais. E que meu livro cumpria essa nobre missão.
Terminadas as falas, partimos para os autógrafos.
O evento em Carmo da Mata foi muito bom, permitiu-me mais uma vez rever amigos de quarenta anos atrás e conhecer pessoas muito interessantes, como ocorrera nos eventos anteriores. Estes encontros e re-encontros constituem grandes momentos na nossa vida, cada amigo(a) conquistado(a) ou “ressuscitado” ajuda a carregar as baterias vitais, dando-nos força e alegria para novas empreitadas.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Lançamento do livro em Perdões - MG

Caro(a) Amigo(a),
Dia 30 de janeiro passado lancei o livro em Perdões. Como aconteceu em Uberlândia, as duas semanas que antecederam o evento foram dedicadas ao trabalho de divulgação no municípo e região: entrevista e anúncios na Rádio Vertssul (de grande audiência), anúncio e entrevista na EPTV, filiada à Rede Globo, ida ao Rotary e convites pessoais de casa em casa de amigos e de pessoas formadoras de opinião. Por trás de meu projeto do livro está o trabalho de conscientização política, com um povo despolitizado um país não melhora, o povo é que tem de controlar os políticos, caso contrário eles se dedicam mais aos interesses privados, esquecendo que são representantes da sociedade. Sem fiscalização constante, há desvios, como se sabe.
Foi escolhido um local para o lançamento que pudesse abrigar confortavelmente os convidados e, além disso, oferecer comestíveis, "drinks" e boa música, de modo a deixar o ambiente o mais informal e descontraído possível.
Muita gente compareceu ao evento, mais do que o espaço podia acomodar, não só de Perdões, mas de Lavras e Nepomuceno também. Famílias inteiras, até com netos, nos honraram com sua presença. Para uma cidade de 10 mil habiantes, o comparecimento de mais de 200 pessoas caracteriza um grande sucesso. O clima foi ótimo, as pessoas estavam muito alegres, e se pôde ver gente que normalmente não sai mais de casa à noite. Isso mostra que Perdões necessita urgentemente de um espaço para eventos culturais de alto nível, caso contrário o lixo cultural lentamente vai se impor. Se fosse governante da cidade iria providenciar um local público para fins culturais, os amantes da cultura carecem de tal espaço.
Balanço das vendas em Perdões: uns 100 livros vendidos no evento mais 50 adquiridos pela Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura; outros 30 foram encomendados por pessoas que não puderam estar presentes. Sensacional! Parabéns, Perdões!
Em tempo, o livro encontra-se à venda na Livraria Papel & Arte, situada à Avenida Governador Valadares.