sábado, 3 de janeiro de 2009

Publicação do livro "Lembranças do Exílio - Chile, Panamá, República Democrática Alemã e Costa Rica"


No ano passado, 2008, decidi consumar um sonho antigo de deixar um relato sobre meus dias no exílio, que durou de julho de 1970 a abril de 1979. Foram anos pensando no conteúdo a ser trabalhado, faltava o amadurecimento pessoal para fechar as ideias num todo coerente. E também selecionar as estórias mais interessantes para temperar o texto. Sou mineiro e gosto muito de "causos", que fazem parte de nossa cultura. Por outro lado, queria falar do exílio como ele foi, sem aquele sofrimento normalmente imputado aos dias de desterro. Defendo a posição de que a escolha para lutar contra a ditadura foi pessoal e livre, o refúgio noutros países fazia parte das consequencias. Viver infeliz no exílio seria justamente o desejo dos ditadores. Guerra é guerra, temos que arcar com as consequencias e tentar manter o astral bem alto. Procurei dar essa tônica no livro e encomendei uma capa alegre e com motivos do cerrado mineiro à artista plástica Maria Ignez Ferraz Sampaio Salomão.

Finalmente, dia 22 de novembro, foi realizado o lançamento do livro, no Cajubá Country Clube. Preferi o clube a uma livraria porque queria juntar amigos num ambiente bonito, aconchegante e descontraído, com boa música, comida e bebida. Mais de 300 presentes estiveram presentes, veio gente de Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades da região. Foi um ato ecumênico, com pessoas de diferentes ideologias. Preferi editar pessoalmente o livro, queria que ele saísse ainda em 2008, para comemorar os 40 anos da Geração 68. Foi minha sorte, em menos de um mês a editora uberlandense (Composer) me entregou o livro com alta qualidade técnica e tive a oportunidade de revisá-lo até o dia da impressão, adaptando-o às novas regras ortográficas recentemente introduzidas. E saiu mais barato que em outras partes.

Uma sinopse do livro encontra-se abaixo.

LEMBRANÇAS DO EXÍLIO – CHILE, PANAMÁ, REPÚBLICA DEMOCRÁTICA ALEMÃ E COSTA RICA.
Como o próprio título indica, o livro traz minhas impressões sobre os diversos países por onde passei durante o exílio. Num primeiro momento ele trata brevemente da conjuntura política e cultural no Brasil e no mundo no ano de 1968, quando me engajei na luta contra a ditadura brasileira. Na época estudava engenharia química na UFMG e em 1969-1970 fui presidente do DCE, justamente no momento em que a ditadura havia se escancarado por meio do famigerado Ato institucional no 5.
Caçado pela ditadura, com foto estampada no Estado de Minas, em 1970 me refugiei no Chile, onde terminei meus estudos. Vivi à plenitude o período em que a Unidad Popular, encabeçada pelo Presidente Allende, tentava construir o socialismo pela via pacífica.
Com o golpe do General Pinochet, em 1973, tive que refugiar-me no Panamá, na época dirigido pelo general progressista Torrijos, que travava dura luta com os americanos pela nacionalização da zona do canal.
Devido às pressões dos americanos, os asilados foram obrigados a abandonar o país e se esparramaram pelo mundo. No meu caso, em fevereiro de 1974, fui para a República Democrática Alemã (RDA) com minha esposa Nízia, a convite de um cientista com quem havia trabalhado no Chile.
Na RDA morei na cidade modelo do socialismo, Halle-Neustadt, e trabalhei numa indústria química (BUNA) e depois fui para a Universidade de Merseburg para cursar o doutorado. Devido a minha recusa em ingressar nas juventudes comunistas brasileiras, tive que interromper os estudos e voltar à produção, depois de um ano.
Fiquei mais uns meses na indústria até conseguir minha autorização para sair do país, em agosto de 1976. Nízia já havia saído uns meses antes. Fui para Portugal e, em seguida, para Costa Rica, onde trabalhei numa indústria americana e depois na universidade, como professor visitante.
Em 1979 retornei ao Brasil, depois de nove anos de exílio.
O presente livro se diferencia dos outros que abordam o tema porque relata o cotidiano das pessoas nos diversos países percorridos, principalmente na Alemanha Socialista, de uma forma descontraída, bem humorada e simples, sem deixar de refletir, a partir de exemplos, sobre as ditaduras, de direita ou esquerda, a social-democracia, e as dificuldades de se construir uma sociedade mais igualitária no estágio atual de desenvolvimento da humanidade, em que a ênfase é dada ao consumismo desenfreado.

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