quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Balanço geral da primeira edição do livro

A primeira edição de 1.000 exemplares do livro esgotou-se. Não foi possível fazer lançamentos em Divinópolis e Belo Horizonte como previsto inicialmente porque foram vendidos mais livros que o esperado em Uberlândia, Perdões e Carmo da Mata, cidades onde me comprometi desde o ano passado a realizar o evento. Além disso, meu projeto incluía a doação para bibliotecas de universidades e de algumas cidades do centro-oeste de Minas para atingir um público maior. O livro não visa lucro, mas levar uma visão diferente da luta armada contra a ditadura e da vida no exílio, dando novos subsídios para a interpretação desse período de nossa história recente. Ele já consta do acervo de quase todas as bibliotecas das universidades federais, da USP, Unicamp, Instituto de Estudos Brasileiros da USP, Sistema PUC Minas, PUC Rio, Bibliotecas Nacionais do Rio de Janeiro e Brasília, Assembleia Legislativa de MG e bibliotecas municipais de várias cidades de MG. A segunda edição está a caminho. Muitas novidades vão enriquecer esta nova versão, com destaque para a queda do Colina e da VAR-Palmares em Belo Horizonte e minha prisão pelo DOPS em 1969.

Depoimento de um jovem carmense

Goiânia (GO), 16 de novembro de 2.009.

Olá Evandro,

Meu nome é Bruno, sou natural de Carmo da Mata e recentemente adquiri seu livro “Lembranças do Exílio - Chile, Panamá, República Democrática Alemã”, tendo terminado de lê-lo no último domingo.
Digo-lhe que foi, realmente, uma leitura muito agradável. Além da biografia desmaquiada de um verdadeiro e autêntico exilado político, o seu livro apresenta-se também como uma fonte de fatos históricos vistos e vividos de perto por quem se dispôs a relatá-los. É experiência pura, sentida na própria pele, o que deixou seu livro muito mais interessante, e me levou a algumas reflexões.
Pertencemos a gerações diferentes. Tenho vinte e cinco anos e já nasci quando a abertura política e a chamada “redemocratização” do Brasil estavam para acontecer. Assim como você, acredito que o capitalismo, nos moldes em que se apresenta atualmente, já se demonstrou totalmente incapaz de atender aos anseios do bem comum e implantar a pretensa harmonia social. Um sistema político, cuja ideologia se funda na exploração econômica de uma classe social sobre a outra, e cujo fruto mais palpável é a desigualdade social, mantenedora da violência urbana, da miséria e da prostituição infantil, não pode ser outra coisa senão um sistema fracassado. Também acredito que o Socialismo é, sem sombra de dúvidas, o único caminho que levará à satisfação plena dos anseios sociais, mas para isso, deverá haver uma ruptura dos valores atualmente infiltrados em nossa sociedade, como mencionado pelo senhor no livro, com ênfase para o desenvolvimento sustentável, racional, e isto somente ocorrerá através da educação e acesso à cultura.

Durante a leitura do seu livro, fiquei pensando nas diferenças existentes entre a sua geração e a minha. Na sua época, vocês tinham um “inimigo” comum, concreto, palpável, que atendia pelo nome de “ditadura militar” (ou militares), bem como tinham também um objetivo bem traçado: restaurar a ordem democrática, a dignidade humana e os direitos individuais fundamentais, através de adoção de um sistema político mais justo e humanitário: o Socialismo.
Atualmente, a minha geração vive sob a égide de uma Constituição Federal que, no papel, nos garante tudo isso. Temos a chamada liberdade de imprensa, “sem censura”, que nos possibilita ouvir e comprar todo tipo de música que desejarmos, do axé ao funk. Não há policiais nos batendo só porque usamos uma camisa com o rosto do Che Guevara exibido na frente. E mais: podemos votar livremente no PT, no PSOL, PSTU, em branco ou em quem quisermos.
Parece que minha geração desfruta da tal sonhada LIBERDADE. Mas não é bem assim, Evandro. Somos todos cegos, como diz Saramago, “cegos que não vêem. Cegos que, vendo, não vêem.”
O grande problema é que o nosso “inimigo”, se assim o podemos chamar (eu acho que podemos) já não é mais tão palpável e concreto. Encontra-se diluído não só na esfera pública, mas também na sociedade privada, naquela pequena parcela que detém todo o poder econômico, e que o exerce para satisfazer suas pretensões particulares. Não o enxergamos, e temos a sensação de que ele não existe. Mas não me engano, ele (ou eles) está(ão) por aí.
Toda vez que os direitos constitucionais mais básicos são desrespeitados, alguém com certeza está lucrando do outro lado. E para que serviu a Constituição Federal de 1988? Para aplacar a insatisfação popular contra um regime em decadência, sem implantar necessariamente aquilo que se encontra em seu texto. Assim é muito fácil.
O que me impressiona e me indigna é como a atual geração de jovens se sujeita tão passivamente a tamanhas injustiças.
E o que dizer das chamadas “liberdade de imprensa” e “liberdade de expressão”? A imprensa só é livre para publicar e dar conhecimento de fatos da forma que aos verdadeiros donos do poder interessa. A Verdade, hoje, não passa de uma moeda de troca que os meios de comunicação utilizam para angariar cada vez mais investimentos publicitários. A “liberdade de expressão”, por sua vez, representa a grande falácia de nosso atual modelo democrático. Como pode haver liberdade de expressão, se o que se “expressa” nos meios de comunicação são sempre as mesmas coisas? Os mesmos artistas, cantando as mesmas canções, utilizando as mesmas roupas, com os mesmos discursozinhos? Não há espaço para seguimentos culturais alternativos, artistas com propostas diferentes. Não há abertura para renovação ou contestação. É tudo um padrão só.
E é neste padrão de valores que minha geração vem sendo moldada. A banalização da injustiça, a informação e o conhecimento estabelecidos de acordo com aqueles que detêm o poder econômico, estabelecendo a formação cultural dos membros de nossa sociedade (principalmente crianças e jovens). Tudo isso fundado nos valores de uma falsa liberdade que o sistema capitalista-consumista nos impõe.
A conseqüência não podia ser outra: UMA GERAÇÃO ALIENADA, moldada pelo sistema como se fôssemos produtos de uma fábrica de tijolos. Todo mundo igualzinho, bonitinho, certinho, sem arestas, sem qualquer característica que venha a nos identificar como um ser social complexo e capaz de sustentar uma visão crítica e questionadora da realidade que nos circunda. Somos e estamos do jeito que nos querem., como tijolos, bem fácil de manipular.
Mas a esperança, como diz Platão, é que governa mais que tudo os espíritos vacilantes dos mortais. E a esperança que nos traz seu livro é justamente de que os valores possam, gradualmente, serem modificados, e a humanidade perceba, por si mesma e naturalmente, que um planeta inchado e cheio de feridas como o nosso somente nos suportará por mais algum tempo se tivermos o bom senso de implantarmos em nossa vida, em nossa sociedade, os valores do verdadeiro e puro socialismo, calcados nos desenvolvimento sustentável, na dignidade da pessoa humana e na igualdade de condições e oportunidades de vida. Esta é a utopia que espero ver minha geração tentando alcançá-la no horizonte.

Parabéns pelo livro e, principalmente, pela coragem que teve de viver a vida.

Abraços,

Bruno Ribeiro Marques.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Lançamento do livro em Carmo da Mata

Finalmente, dia 5 de setembro, o livro foi lançado em Carmo da Mata com o patrocínio da Secretaria Municipal de Educação, dirigida pela colega professora Beatriz. Como nos eventos anteriores, o lançamento foi precedido de divulgação na imprensa local (Tribuna do Carmo) e na cidade de Oliveira (Rádio Sociedade), vizinha de Carmo da Mata. Não faltou também o corpo a corpo para convidar pessoalmente amigos, parentes e formadores de opinião da cidade.
Tribuna do Carmo sob a forma de jornal e revista é um bom veículo de informação, com qualidade gráfica e redação normalmente não vistas na imprensa de cidades pequenas. O redator chefe é Márcio de Almeida, que também é responsável pelo Jornal Uai Rádio Sociedade de Oliveira. Tive oportunidade de ser entrevistado por ele na Rádio Oliveira e fiquei impressionado com sua cultura e profundidade de suas perguntas.
A ala reservada para o evento no Restaurante Joia ficou cheia e a abertura foi feita pelo Chicão do PT, esposo de Beatriz, que declamou Roda Viva de Chico Buarque de Hollanda. Em seguida, Beatriz usou da palavra para falar da importância do acontecimento que contribuía para manter viva a chama da luta contra as tiranias. Agradeceu as pessoas que lutaram contra a ditadura porque sem esta luta ainda estaríamos vivendo os horrores de um regime militar.
Depois dela, Expedito Correa leu minha biografia e me passou a palavra.
Agradeci a oportunidade de estar ali naquele momento e repeti os motivos que me levaram a escrever o livro, que mescla vida pessoal e história do período que vai do fim da década de 1960 até os dias atuais:
- prazer de ouvir e contar histórias, que faz parte da cultura de Minas Gerais;
- necessidade de mais registro da história da luta contra a ditadura militar em Minas Gerais, principalmente em Belo Horizonte, de uma forma não acadêmica, numa linguagem facilmente acessível a todos;
- vontade de falar dos diferentes sistemas políticos de uma forma empírica numa linguagem simples, com exemplos concretos, sem paixão, ressentimentos, censura, doutrinação, etc. e imparcialmente, entrelaçando “causos” vividos no exílio e especulações filosóficas, como os mineiros gostam;
- usar o livro para fomentar a discussão política onde fosse possível, chamando a atenção para o fato de que a administração do país, dos estados e municípios é feita por políticos. Se eles forem ruins, o país não será bom, como é caso do Brasil, um país riquíssimo em recursos naturais e, no entanto, relativamente mal colocado no ranking mundial de qualidade de vida (Índice de Desenvolvimento Humano = 70). Se o povo não tiver consciência política, seus políticos usarão o poder mais para fins privados que públicos, resultando na concentração de riqueza na mão de poucos. O Brasil é um dos cinco países de maior concentração de renda no mundo.
Terminada minha fala, abri a palavra ao público presente. Apresentou-se primeiramente o empresário Edson Lemos de Souza, de Divinópolis, que se deslocou até Carmo da Mata para prestigiar o evento. Sua intervenção foi emocionante. Disse que devorou o livro em duas sentadas, agradeceu-me por tê-lo escrito, ao Expedito Correa por ter-me dado abrigo porque talvez eu pudesse ter sido morto sem esta ajuda, e, surpreendentemente, falou das mazelas do capitalismo e da necessidade de lutarmos pelo socialismo, sistema superior ao capitalismo, o único capaz de vencer as dificuldades por que passamos atualmente, no Brasil e no mundo. Repetindo parágrafo do livro que se refere ao partido de poucos quadros qualificados em vez de muitos militantes sem qualificação (opção feita pelo Partido Comunista da Alemanha Oriental), Edson defendeu o mesmo para o Brasil. Envolvente, ele deixou a plateia emocionada.
Em seguida usou da palavra a Dra. Camila, que trabalhou na Secretaria Estadual da Cultura até recentemente. Igualmente muito loquaz, Camila leu o livro rapidamente, e mais ainda, em voz alta, para que seu pai, José de Carvalho, já cego, acompanhasse a narrativa. Sou muito grato a seu pai porque me deu guarida em São Paulo, onde era desembargador, durante minha fuga. O fato está narrado no livro. Camila falou dos nossos problemas culturais, da importância de se produzir cultura para todos, não para um reduzido grupo de intelectuais. E que meu livro cumpria essa nobre missão.
Terminadas as falas, partimos para os autógrafos.
O evento em Carmo da Mata foi muito bom, permitiu-me mais uma vez rever amigos de quarenta anos atrás e conhecer pessoas muito interessantes, como ocorrera nos eventos anteriores. Estes encontros e re-encontros constituem grandes momentos na nossa vida, cada amigo(a) conquistado(a) ou “ressuscitado” ajuda a carregar as baterias vitais, dando-nos força e alegria para novas empreitadas.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Lançamento do livro em Perdões - MG

Caro(a) Amigo(a),
Dia 30 de janeiro passado lancei o livro em Perdões. Como aconteceu em Uberlândia, as duas semanas que antecederam o evento foram dedicadas ao trabalho de divulgação no municípo e região: entrevista e anúncios na Rádio Vertssul (de grande audiência), anúncio e entrevista na EPTV, filiada à Rede Globo, ida ao Rotary e convites pessoais de casa em casa de amigos e de pessoas formadoras de opinião. Por trás de meu projeto do livro está o trabalho de conscientização política, com um povo despolitizado um país não melhora, o povo é que tem de controlar os políticos, caso contrário eles se dedicam mais aos interesses privados, esquecendo que são representantes da sociedade. Sem fiscalização constante, há desvios, como se sabe.
Foi escolhido um local para o lançamento que pudesse abrigar confortavelmente os convidados e, além disso, oferecer comestíveis, "drinks" e boa música, de modo a deixar o ambiente o mais informal e descontraído possível.
Muita gente compareceu ao evento, mais do que o espaço podia acomodar, não só de Perdões, mas de Lavras e Nepomuceno também. Famílias inteiras, até com netos, nos honraram com sua presença. Para uma cidade de 10 mil habiantes, o comparecimento de mais de 200 pessoas caracteriza um grande sucesso. O clima foi ótimo, as pessoas estavam muito alegres, e se pôde ver gente que normalmente não sai mais de casa à noite. Isso mostra que Perdões necessita urgentemente de um espaço para eventos culturais de alto nível, caso contrário o lixo cultural lentamente vai se impor. Se fosse governante da cidade iria providenciar um local público para fins culturais, os amantes da cultura carecem de tal espaço.
Balanço das vendas em Perdões: uns 100 livros vendidos no evento mais 50 adquiridos pela Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura; outros 30 foram encomendados por pessoas que não puderam estar presentes. Sensacional! Parabéns, Perdões!
Em tempo, o livro encontra-se à venda na Livraria Papel & Arte, situada à Avenida Governador Valadares.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Depoimentos dos primeiros leitores do livro "Lembranças do Exílio - Chile, Panamá, República Democrática Alemã e Costa Rica".

Prezados Internautas,
Abaixo transcrevo os depoimentos dos primeiros leitores do livro "Lembranças do Exílio - Chile, Panamá, República Democrática Alemã e Costa Rica". São depoimentos espontâneos transmitidos via e-mail, telefone ou em encontros casuais. Como pode-se ver, o livro foi bem aceito por leitores de todos os tipos, de 15 a 85 anos.
Se você já o leu, deixe seu comentário também.
Abraços.
Evandro.

- Alifonsina de Freitas Braga, 86 anos, bibliotecária aposentada da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, apaixonada por leitura: Gostei muito do seu livro e fiquei sabendo de muitas coisas das quais não tinha a menor idéia. Aprendi muito. Pode partir pro segundo.
- Annemarie Wiedmaier Burgos, socióloga chilena, companheira de exílio no Panamá e Alemanha Oriental, esposa do escritor Alfonso González já falecido, Santiago de Chile: Con gran emociòn he recibido vuestro libro sobre el exilio. Fue un regalo de Navidad. Estoy conmovida por la dedicatoria y hemos leìdo algunos pàrrafos que se referìan a Alfonso, a la estadìa en Panamá, junto con Claudia, y hemos reído y llorado al mismo tiempo. Nos alegra saber que tenemos en comun algunas otras cosas. La hija de Claudia se llama Mariana como la vuestra y nos encanta que tengáis un nieto. Yo tengo 4: Mariana y Carla de Claudia y Tania y Christian de Cristobal. Estos dos viven con sus padres em España. Seguiremos leyendo y luego os comentamos mas.
- Blyeny Hatalita Pereira Alves, professora do Cefet Itumbiara, estudante de doutorado da UFU: Gostei muito, minha mãe, professora de colégio, também e quer outro livro para colocar na biblioteca de lá, os alunos precisam conhecer esta história.
- Carlos Maurício Dias Mercadante, 78 anos, empresário do ramo de imóveis e presidente da Missão Criança, num lanche vespertino na cozinha de minha casa; Regina, sua mulher, trouxe pãozinho quentinho: Gostei demais! O livro é estimulante e instrutivo para gente como eu que estuda história. Além disso, ele me mostrou de uma forma muito simples como o socialismo é o cemitério do empreendedor, e sem ele não há desenvolvimento econômico e social. O capitalismo é um sistema melhor porque estimula a livre iniciativa.
- César H. Bernardes Costa, advogado, Bolsa de Valores de SP, correndo de tardinha no nosso delicioso bairro Jardim Karaíba: Evandro, já comecei a ler seu livro, estou adorando!
- Clênio Winckler, agente aposentado da Polícia Federal, Uberlândia: Estou gostando muito, não sabia que minha mulher, Rejane, trabalhava com o “Presidente”.
- Dilson Cardoso, professor do Departamento de Engenharia Química, UFSCAR, companheiro de exílio no Chile, Panamá e Alemanha Socialista: Aproveitei o inicio das férias para ler o teu livro e concordo com os colegas que já disseram que você escreve muito bem, mantém a atenção do leitor. E também concordo com o Helvécio, autor do prefácio: você tem uma memória incrível. Convide-me para o lançamento do segundo livro, o primeiro sempre é mais difícil. Você tem interesse em fazer o lançamento aqui em São Carlos? Se quiser, posso fazer as consultas.
- Dorila Piló Veloso, professora do Departamento de Química da UFMG, ex-exilada na França: Obrigada pelo livro, que já li com muito gosto. Você é um ótimo escritor literário. A leitura prende e agrada, do começo ao fim. Parabéns- Ester Franco Machado, advogada e música, professora aposentada da UFU, em seu apartamento: Já havíamos gostado do manuscrito (todos aqui em casa o leram), certamente gostaremos ainda mais do livro.
- Flávio de Andrade Goulart, professor aposentado da UFU-UnB: ... Comecei a ler hoje pela tarde e já estou quase terminando! Quero te cumprimentar pelo feito. É realmente uma bela obra. Você retrata com simplicidade e sabedoria a sua rica experiência de militante político e de cidadão do mundo. Estou realmente encantado com sua verve e só tenho a felicitá-lo pelo resultado de sua escrita, capaz a um só tempo de ilustrar e emocionar. Revi em suas páginas cenas, lugares e personagens com os quais também tive convívio, como o Fanta e o Athos Magno Costa e Silva...
- Francisco José Torres de Aquino, professor do Instituto de química da UFU: Achei o livro rico em informações. A escrita apresenta em vários momentos um aspecto prosaico, gostoso de ler e de conhecer a vida no exílio. Tal olhar reduziu os momentos de aflição, sofrimento e dor dos exilados pelo regime ditatorial brasileiro. Aguardamos a segunda parte.
- Frederico Gonzaga Jayme, advogado, Belo Horizonte: Estou gostando muito, é muito interessante e está muito bem escrito. Já conversei com o Alencar dono da Quixote Livraria e Café, uma das mais bem conceituadas atualmente, e ele aceitou fazer o lançamento aqui, provavelmente em março de 2009. Todos os sábados já estão tomados este ano, janeiro e fevereiro não são bons para isso.
- Georges Michel Sobrinho, jornalista, chefe de gabinete da liderança do PDT no senado, ex-companheiro de exílio no Chile e Alemanha Socialista: Evandro, seu livro é muito bom! Você resgata momentos importantes de nossa história recente e da vida de muitos exilados e combatentes da ditadura, no Brasil e exterior, que não poderiam cair no esquecimento. O livro é emocionante, a leitura é muito agradável e está muito bem escrito. Parabéns!
- Gleides Pamplona, jornalista e sociólogo – Correio de Uberlândia, 02/12/08: “Lembranças do Exílio”, uma história para não esquecer... Chega às mãos do leitor, oportunamente, neste final de 2008. Um ano que “arredondou” datas que marcam, no calendário ocidental, importantes movimentos do homem em busca de equidade para superar abismos pessoais e sociais renitentes. Daí a importância de lembranças, formais e solenes, para que não nos esqueçamos de fatos tão recentes, como, por exemplo: 120 anos da Abolição da Escravatura no Brasil (1888), 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), 50 anos da Revolução Cubana (1958/1959), 40 anos da maior Manifestação Estudantil já vista ao redor do planeta, em especial na Franca, em nome da democracia e justiça social (1968), 20 anos da atual Constituição Brasileira (1988)... Ah, a força da utopia. Ainda que a reneguemos em público e a ocultemos nas entrelinhas do pragmatismo, ainda assim a utopia permanece latente, à nossa disposição, simplesmente para que não caminhemos sozinhos até o horizonte. É o que me sussurram as páginas do livro de Evandro. Certamente foi a fidelidade a si mesmo, às suas convicções, que fez com que a rica e intrépida história do jovem revolucionário, que continua querendo mudar o mundo, fosse contada agora... Não olvida nomes e sobrenomes de legião de amigos e companheiros, frases ou palavras ditas, cores, toques, carinhos, sabores, cheiros, dores, explosões, tiros ou borboletas. Tudo é importante, intenso, tudo generosamente guardado nas gavetas da memória do homem que foi menino em Divinópolis...
- Jamildo Tavares Conserva, empresário do ramo de hotelaria, Albergaria Vila Lido, Portimão, Portugal: O livro melhorou muito desde o rascunho original. Está fantástico, prende a gente desde a introdução, é difícil interromper a leitura.
- João Manuel Pereira Teixeira, empresário, Estilo Engenharia, Uberlândia, num delicioso almoço organizado em sua casa por sua mulher Estela: O livro é muito bom! Depois temos que conversar sobre ele com calma.
- José Domingos Fabris, professor do Departamento de Química da UFMG: Evandro, já comecei a ler, a linguagem está fluida e cativante.
- José Emílio Carvalho de Oliveira, engenheiro de minas, Centro de Pesquisa em Recursos Naturais, Rio de Janeiro: Desejo que o seu livro lhe traga muitos outros reencontros e resgate outras amizades perdidas no tempo. Você, por tudo que passou, merece todo nossa admiração. A propósito, adorei seu livro. A sua luta e as suas vidas no exílio mereciam este belo relato, que ficamos conhecendo melhor agora.
- José Wagner Mesquita, oftalmologista, na porta do D’ville Karaíba: Evandro, acabei de ler seu livro, sensacional, Brother! Vou enviá-lo para minha filha, Janaína, em São Paulo.
- Juliana Amaral Alves, advogada, produtora cultura, F7 Filmes, Uberlândia: Acabei de ler o seu livro. Foi como se tivéssemos tido uma looonga conversa, pois em cada página eu podia simplesmente ver você contando os "causos".
- Jurandir Fernandes: historiador: Alguns autores têm a capacidade de se tornarem extremamente presentes quando da leitura de seu livro. A leitura corre de maneira fluida, é como se estivéssemos em um bom papo junto a uma caneca de café ou taça de vinho, elimina-se o tempo e o espaço. Evandro, você consegue essa façanha e ainda nos oferece uma peça importante para composição do mosaico de nossa história recente.
- Leovi Antônio Pinto Carísio – engenheiro – membro da VAR-Palmares, detido num tiroteio e torturado em BH, 1970: Li o seu livro quase que num fôlego só. É empolgante, objetivo, informativo, lúcido, não ideológico (no mau sentido), cuidadoso e sábio – daquela sabedoria que a idade e a experiência trazem para alguns privilegiados como você.
- Lezir Montes Ferreira, professora aposentada do Instituto de Geografia da UFU: Li o livro de uma sentada, a linguagem nos prende. Gostei muito, você é eclético, tolera a diversidade e sabe tirar proveito da vida mesmo em situações adversas... Vou dar um de presente pro meu cunhado.
- Lúcia Teixeira Alvim, socióloga, especialista em saúde pública aposentada da Assembleia Legislativa de MG, Pedro Leopoldo: Da perspectiva histórica, acho o livro muito importante. São raros os registros dessa natureza, sobretudo em Minas. Os militantes políticos raramente relatam suas vivências, seja para não ressuscitar seus fantasmas, seja porque não têm mesmo o hábito de escrever. E a memória oral acaba se perdendo. Então, quando a nossa geração, que viveu aqueles anos negros, desaparecer... Da perspectiva literária, tenho a dizer que gostei muito do seu estilo. A linguagem é fluida e a leitura muito agradável. Você é um bom contador de “causos”, daqueles bem mineiros! E o que me chamou minha atenção foi a leveza. Os registros dessa natureza são, em geral, pesados, amargos, às vezes raivosos. O seu não. Você relata os fatos de maneira leve, entremeando aspectos pitorescos e até mesmo jocosos. Seguramente, você transferiu para o livro sua maneira de enxergar a vida e o mundo: com otimismo e esperança, mas sem perder o pé na realidade. É como se você tivesse apagado todos os sentimentos ruins – as privações, as inseguranças, as tristezas, os ressentimentos – deixando fluir apenas as lembranças amenas.
Da perspectiva da análise política, embora muitas vezes eu discorde de seus pressupostos, tenho de registrar que ela está bem consubstanciada, sobretudo no que concerne ao processo de esfacelamento do socialismo na Alemanha do Leste. E tenho que respeitar seu ponto de vista. Portanto, parabéns pelo livro!
- Luiz Eduardo do Nascimento, professor na Faculdade de Medicina da UFMG: O livro está impecável, conteúdo e apresentação. Aproveite o embalo e escreva sobre nossa maravilhosa infância e adolescência em Divinópolis e Carmo da Mata.
- Maíra de Almeida Teodoro, estudante de direito da UFU: Passei a noite inteira lendo seu livro e terminei. Adorei! Fiquei conhecendo mais o mundo e as sociedades. Gostei muito da sua afirmação de que só com mudanças de valores poderemos mudar nossa sociedade para melhor. Por que você não escreveu mais, fez um livro mais grosso?
- Manuela Alvarenga do Nascimento, socióloga, desde Madrid: Gostei do livro! Você escreve muito bem. Cuidado que ele pode virar bestseller!
- Manuela de Godói Teixeira Quirino, arquiteta, Uberlândia: Evandro, quero te dizer que gostei muito do livro. Diverti-me muito, é a mesma coisa que te ver contando históris. Aprendi muito também.
- Mara Andrade Pinto Rennó, pedagoga, Belo Horizonte: Viva a Geração 68!...Apesar de tudo, ainda tem a generosidade de nos ajudar através deste relato fantástico. Bravo Evandro! ... Estou até mais encantada e voltando a acreditar que o ser humano pode ser de fato humano... Estou orgulhosa de poder voltar a conviver com os dois. Grandes, na aparente fragilidade do corpo.
- Marcos Caroli Resende, professor do Departamento de Química da Universidad de Santiago de Chile: Estou saboreando o livro... É um prazer escutar você por escrito, contando causos e filosofando de repente, como um bom mineiro curioso e reflexivo.
- Maria de Fátima Ramos de Almeida, historiadora, professora aposentada da UFU: Adorei! Quando Maíra terminar, vou relê-lo.
- Maria Ignez Ferraz Sampaio Salomão: professora de matemática aposentada da UFU, estuadante de artes plásticas: Terminei de ler seu livro, gostei muito. Ele vai ficando cada vez mais interessante à medida que se avança na leitura. E o mais importante, ele fica com a gente ao terminarmos porque traz muitas idéias que nos leva à reflexão, não é uma leitura passageira.
- Maria Salete de Freitas Pinheiro, bibliotecária, Campus Santa Mônica, UFU: Gostei muito do livro. Mostrei para o meu marido, que também achou ótimo. Viemos de BH e alguns detalhes sobre aquele pedacinho da Rua da Bahia nos chamaram muito a atenção. Achamos que a linguagem é fácil, que nos prende. Ah, até Itamarandiba (terra da minha mãe) aparece lá... Parabéns!
- Marlene Goulart, Uberlândia: Prezado Evandro: lí e reli o seu livro quase de um folego. Comoveu-me. Seus relatos e análises responderam velhas questões e acordaram outras, o que está sendo muito bom para mim. Obrigada por compartilhar um tempo de vivencias tão preciosas! E os versos do Eduardo Galeano arremataram com justeza o seu trabalho. Embora sinta-me incluida nos " que continuam sonhando com um mundo mais justo e menos desigual ", não abro mão de uma dedicatoria pessoal. Quando for possivel, irei buscá-la . Com amizade , Marlene.
- Meire Neves Godói, pedagoga da APAE, Uberlândia: Gostei muito! Fiquei impressionada com seu ânimo na RDA no meio de todas aquelas dificuldades.
- Marcelo Renato Brito, empresário - Café 7 Cachoeiras, Três Pontas – MG, companheiro de movimento estudantil em Belo Horizonte: Um sucesso!
- Marianela Echenique Tourné, uruguaia, professora de espanhol, Centro Cultural de La Lengua Española: Me ha gustado mucho, pero tenemos divergencias.
- Mauro Marques Burjaili, professor da Faculdade de Engenharia Química da UFU: A obra toca agudamente o coração e a cabeça! São letras de informar e sensibilizar... penetram mais que bala de fuzil!
- Mauro Parreira de Carvalho, gerente da Agência Estilo do BB, Campus Sta. Mônica, UFU: Seu livro é gostoso, fácil de ler e com toques de humor, além de nosmostrar a vida de pessoas que foram perseguidas e obrigadas a deixar seupaís por conta de acontecimentos políticos...
- Marilena Lima de Oliveira/ex-Schneider, professora do Instituto de Geografia da UFU: Na sua costumeira mineirice, Evandro nos surpreende pela memória de fatos cotidianos que muitos de nós - "geração 68"- já havíamos descartado em nossos porões. suas reflexões permeadas de "causos" cheios de humor fazem a leitura de seu livro parecer um delicioso batepapo entre amigos, regado por uma boa garrafa de vinho. Puro prazer!
- Otávio Molinaroli, técnico em química, Instituto de Química, UFU: Estou quase terminando seu livro, leio três ao mesmo tempo. Estou gostando muito, tem muitas coisas interessantes no seu livro que outros livros não trazem. Você devia colocá-lo em bibliotecas públicas para o povo ter conhecimento delas. A sua linguagem o povo entende.
- Rafael Neves Godói, jornalista, Brasília: Estou gostando muito, mas muito mesmo! A linguagem é fluida, o tema é empolgante, prende a gente.
- Rafael Lucas Vieira, estudante, 15 anos, Belo Horizonte: Achei fantástico seu livro e finalmente entendi as diferenças entre capitalismo e socialismo. Fico com o capitalismo de Barak Obama.
- Sinésio D. Franco, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica, UFU:... Parabéns pelo livro: só temos a te agradecer pela qualidade. Você relata aslembranças de forma despojada, sem ressentimentos e de forma alegre. Diverti-me muito quando você foi comprar preservativos numa farmácia da Alemanha. Vivi situações semelhantes na Alemanha. O difícil é interromper a leitura para cumprir com as obrigações do dia a dia...
- Silvia Bonami, socióloga, Uberlândia: Já comecei a ler o relato. Estou adorando. Eu digo para minhas filhas que não quero mais ler livro inventado, não posso perder tempo, por isso só leio coisas que aconteceram de fato.
- Suely Castro Ferreira, educadora, Colégio Pitágoras, Uberlândia, numa caminhada vespertina pelo nosso aprazível bairro Jardim Karaíba: Li o livro em duas noites, é ótimo! Foi a primeira vez que li uma biografia de uma pessoa conhecida, é a sua cara!
- Suely Regina del Grossi – professora aposentada do Instituto de Geografia da UFU, no jantar na casa da Marilena: Gostei muito, vou comprar mais seis para meus alunos da Universidade Católica, o livro retrata uma época que eles não viveram. (Seu marido João Michelotto, professor da Faculdade de Medicina da UFU, já havia comprado outro para ele. No total o casal comprou oito livros!)
- Valéria Belizário Diniz, educadora e música, Curitiba: Seu relato é de uma simplicidade comovente... O mais intrigante é que sou da geração de 1968 e, somente agora, através de seu livro, vi e senti o que foi a ditadura em seu sentido mais pleno. Afinal, muita gente passou ao largo de toda aquela efervescência e não tem a noção nem a dimensão exata do que foram os anos de chumbo e tampouco o exílio a que as pessoas foram submetidas. Parabéns... Foi um relato político com um lado humano sem igual.
- Vera B. Resende, concessionária da cantina do Campus Santa Mônica, UFU: Parabéns pelo livro! Você realizou meus sonhos daquela época.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Publicação do livro "Lembranças do Exílio - Chile, Panamá, República Democrática Alemã e Costa Rica"


No ano passado, 2008, decidi consumar um sonho antigo de deixar um relato sobre meus dias no exílio, que durou de julho de 1970 a abril de 1979. Foram anos pensando no conteúdo a ser trabalhado, faltava o amadurecimento pessoal para fechar as ideias num todo coerente. E também selecionar as estórias mais interessantes para temperar o texto. Sou mineiro e gosto muito de "causos", que fazem parte de nossa cultura. Por outro lado, queria falar do exílio como ele foi, sem aquele sofrimento normalmente imputado aos dias de desterro. Defendo a posição de que a escolha para lutar contra a ditadura foi pessoal e livre, o refúgio noutros países fazia parte das consequencias. Viver infeliz no exílio seria justamente o desejo dos ditadores. Guerra é guerra, temos que arcar com as consequencias e tentar manter o astral bem alto. Procurei dar essa tônica no livro e encomendei uma capa alegre e com motivos do cerrado mineiro à artista plástica Maria Ignez Ferraz Sampaio Salomão.

Finalmente, dia 22 de novembro, foi realizado o lançamento do livro, no Cajubá Country Clube. Preferi o clube a uma livraria porque queria juntar amigos num ambiente bonito, aconchegante e descontraído, com boa música, comida e bebida. Mais de 300 presentes estiveram presentes, veio gente de Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades da região. Foi um ato ecumênico, com pessoas de diferentes ideologias. Preferi editar pessoalmente o livro, queria que ele saísse ainda em 2008, para comemorar os 40 anos da Geração 68. Foi minha sorte, em menos de um mês a editora uberlandense (Composer) me entregou o livro com alta qualidade técnica e tive a oportunidade de revisá-lo até o dia da impressão, adaptando-o às novas regras ortográficas recentemente introduzidas. E saiu mais barato que em outras partes.

Uma sinopse do livro encontra-se abaixo.

LEMBRANÇAS DO EXÍLIO – CHILE, PANAMÁ, REPÚBLICA DEMOCRÁTICA ALEMÃ E COSTA RICA.
Como o próprio título indica, o livro traz minhas impressões sobre os diversos países por onde passei durante o exílio. Num primeiro momento ele trata brevemente da conjuntura política e cultural no Brasil e no mundo no ano de 1968, quando me engajei na luta contra a ditadura brasileira. Na época estudava engenharia química na UFMG e em 1969-1970 fui presidente do DCE, justamente no momento em que a ditadura havia se escancarado por meio do famigerado Ato institucional no 5.
Caçado pela ditadura, com foto estampada no Estado de Minas, em 1970 me refugiei no Chile, onde terminei meus estudos. Vivi à plenitude o período em que a Unidad Popular, encabeçada pelo Presidente Allende, tentava construir o socialismo pela via pacífica.
Com o golpe do General Pinochet, em 1973, tive que refugiar-me no Panamá, na época dirigido pelo general progressista Torrijos, que travava dura luta com os americanos pela nacionalização da zona do canal.
Devido às pressões dos americanos, os asilados foram obrigados a abandonar o país e se esparramaram pelo mundo. No meu caso, em fevereiro de 1974, fui para a República Democrática Alemã (RDA) com minha esposa Nízia, a convite de um cientista com quem havia trabalhado no Chile.
Na RDA morei na cidade modelo do socialismo, Halle-Neustadt, e trabalhei numa indústria química (BUNA) e depois fui para a Universidade de Merseburg para cursar o doutorado. Devido a minha recusa em ingressar nas juventudes comunistas brasileiras, tive que interromper os estudos e voltar à produção, depois de um ano.
Fiquei mais uns meses na indústria até conseguir minha autorização para sair do país, em agosto de 1976. Nízia já havia saído uns meses antes. Fui para Portugal e, em seguida, para Costa Rica, onde trabalhei numa indústria americana e depois na universidade, como professor visitante.
Em 1979 retornei ao Brasil, depois de nove anos de exílio.
O presente livro se diferencia dos outros que abordam o tema porque relata o cotidiano das pessoas nos diversos países percorridos, principalmente na Alemanha Socialista, de uma forma descontraída, bem humorada e simples, sem deixar de refletir, a partir de exemplos, sobre as ditaduras, de direita ou esquerda, a social-democracia, e as dificuldades de se construir uma sociedade mais igualitária no estágio atual de desenvolvimento da humanidade, em que a ênfase é dada ao consumismo desenfreado.