sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Lançamento do livro em Carmo da Mata

Finalmente, dia 5 de setembro, o livro foi lançado em Carmo da Mata com o patrocínio da Secretaria Municipal de Educação, dirigida pela colega professora Beatriz. Como nos eventos anteriores, o lançamento foi precedido de divulgação na imprensa local (Tribuna do Carmo) e na cidade de Oliveira (Rádio Sociedade), vizinha de Carmo da Mata. Não faltou também o corpo a corpo para convidar pessoalmente amigos, parentes e formadores de opinião da cidade.
Tribuna do Carmo sob a forma de jornal e revista é um bom veículo de informação, com qualidade gráfica e redação normalmente não vistas na imprensa de cidades pequenas. O redator chefe é Márcio de Almeida, que também é responsável pelo Jornal Uai Rádio Sociedade de Oliveira. Tive oportunidade de ser entrevistado por ele na Rádio Oliveira e fiquei impressionado com sua cultura e profundidade de suas perguntas.
A ala reservada para o evento no Restaurante Joia ficou cheia e a abertura foi feita pelo Chicão do PT, esposo de Beatriz, que declamou Roda Viva de Chico Buarque de Hollanda. Em seguida, Beatriz usou da palavra para falar da importância do acontecimento que contribuía para manter viva a chama da luta contra as tiranias. Agradeceu as pessoas que lutaram contra a ditadura porque sem esta luta ainda estaríamos vivendo os horrores de um regime militar.
Depois dela, Expedito Correa leu minha biografia e me passou a palavra.
Agradeci a oportunidade de estar ali naquele momento e repeti os motivos que me levaram a escrever o livro, que mescla vida pessoal e história do período que vai do fim da década de 1960 até os dias atuais:
- prazer de ouvir e contar histórias, que faz parte da cultura de Minas Gerais;
- necessidade de mais registro da história da luta contra a ditadura militar em Minas Gerais, principalmente em Belo Horizonte, de uma forma não acadêmica, numa linguagem facilmente acessível a todos;
- vontade de falar dos diferentes sistemas políticos de uma forma empírica numa linguagem simples, com exemplos concretos, sem paixão, ressentimentos, censura, doutrinação, etc. e imparcialmente, entrelaçando “causos” vividos no exílio e especulações filosóficas, como os mineiros gostam;
- usar o livro para fomentar a discussão política onde fosse possível, chamando a atenção para o fato de que a administração do país, dos estados e municípios é feita por políticos. Se eles forem ruins, o país não será bom, como é caso do Brasil, um país riquíssimo em recursos naturais e, no entanto, relativamente mal colocado no ranking mundial de qualidade de vida (Índice de Desenvolvimento Humano = 70). Se o povo não tiver consciência política, seus políticos usarão o poder mais para fins privados que públicos, resultando na concentração de riqueza na mão de poucos. O Brasil é um dos cinco países de maior concentração de renda no mundo.
Terminada minha fala, abri a palavra ao público presente. Apresentou-se primeiramente o empresário Edson Lemos de Souza, de Divinópolis, que se deslocou até Carmo da Mata para prestigiar o evento. Sua intervenção foi emocionante. Disse que devorou o livro em duas sentadas, agradeceu-me por tê-lo escrito, ao Expedito Correa por ter-me dado abrigo porque talvez eu pudesse ter sido morto sem esta ajuda, e, surpreendentemente, falou das mazelas do capitalismo e da necessidade de lutarmos pelo socialismo, sistema superior ao capitalismo, o único capaz de vencer as dificuldades por que passamos atualmente, no Brasil e no mundo. Repetindo parágrafo do livro que se refere ao partido de poucos quadros qualificados em vez de muitos militantes sem qualificação (opção feita pelo Partido Comunista da Alemanha Oriental), Edson defendeu o mesmo para o Brasil. Envolvente, ele deixou a plateia emocionada.
Em seguida usou da palavra a Dra. Camila, que trabalhou na Secretaria Estadual da Cultura até recentemente. Igualmente muito loquaz, Camila leu o livro rapidamente, e mais ainda, em voz alta, para que seu pai, José de Carvalho, já cego, acompanhasse a narrativa. Sou muito grato a seu pai porque me deu guarida em São Paulo, onde era desembargador, durante minha fuga. O fato está narrado no livro. Camila falou dos nossos problemas culturais, da importância de se produzir cultura para todos, não para um reduzido grupo de intelectuais. E que meu livro cumpria essa nobre missão.
Terminadas as falas, partimos para os autógrafos.
O evento em Carmo da Mata foi muito bom, permitiu-me mais uma vez rever amigos de quarenta anos atrás e conhecer pessoas muito interessantes, como ocorrera nos eventos anteriores. Estes encontros e re-encontros constituem grandes momentos na nossa vida, cada amigo(a) conquistado(a) ou “ressuscitado” ajuda a carregar as baterias vitais, dando-nos força e alegria para novas empreitadas.

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